segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O que esperar de 2011

Os palpites sobre os assuntos e lançamentos que irão dar o que falar nos próximos 12 meses estão fervilhando por aí. As tendências apuradas por Galileu mostram que este será um ano ainda mais social. Displays de publicidade irão conversar diretamente com você e a interação com seus amigos vai acontecer até pela tela da TV. O telefone celular será onipresente na sua vida, inclusive na hora de pagar a conta do mercado, e a preocupação verde segue em alta com a popularização dos carros elétricos. Saiba o que mais você deve esperar do ano que começa agora!


CRÉDITO OU DÉBITO? CELULAR!


Alexandre Affonso
Apesar de o primeiro projeto de pagamento por meio do telefone celular ter sido lançado para testes no Brasil em 2008, ele ainda não faz parte do cotidiano da maioria das pessoas. Esse panorama está para mudar com a adoção cada vez maior de smartphones por parte da população e dos pontos de recebimento adaptados por parte do comércio. “Assim que as questões técnicas e de negócios forem aperfeiçoadas, vamos alcançar em breve uma expressividade muito grande do ponto de vista comercial”, explica Percival Jatobá, diretor executivo de produtos da Visa do Brasil.

Existem duas formas de pagamento com celular. A que deve se popularizar já em 2011 é aquela que usa as mensagens SMS de uma conta previamente cadastrada para autorizar a transferência de valor. Na outra forma de pagamento, conhecida como NFC (Near Field Communication), basta o dono do celular aproximar o aparelho a um sensor e o débito é automaticamente autorizado.


E 2011 também será o ano em que os smartphones vão se transformar em máquinas receptoras de valores. A empresa Cielo, por exemplo, lançou no final de 2010 um aplicativo que habilita o iPhone e o iPod Touch a receber pagamentos de cartão de crédito e débito. “A solução mobile atende uma camada diferente de estabelecimento”, explica Rogério Signorini, diretor de desenvolvimento de novos produtos da Cielo. “Um médico que atende em várias clínicas, por exemplo, pode receber o pagamento diretamente no seu celular, sem precisar adquirir um ponto de venda que é mais custoso e menos prático de ser transportado”, completa. Mas antes de jogar fora todos os seus cartões, lembre-se que muitos estabelecimentos ainda vão levar algum tempo para aceitar pagamentos com o celular. Segundo Percival Jatobá, os jovens e as novas gerações de consumidores provavelmente usarão pagamento móvel com mais frequência, mas muita gente ainda usará apenas cartões e cheque. “O cheque não matou o dinheiro, o cartão não matou o cheque e o celular não irá matar o cartão.”





ENDURALED


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No que diz respeito ao consumo de energia responsável, uma das vedetes de 2011 no Brasil será a EnduraLED, da Philips, a primeira lâmpada de LED que consegue a mesma luminosidade de uma incandescente de 60 w mas gasta quase 5 vezes menos. Lançada no ano passado nos EUA, a EnduraLED ainda tem preço salgado: US$ 40. Segundo a empresa, no entanto, o produto tem vida útil 25 vezes maior que a de uma lâmpada incandescente comum.


NINTENDO 3DS


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A onda 3D segue firme em 2011 e o mundo dos games verá o lançamento do Nintendo 3DS, anunciado para 26 de fevereiro no Japão por cerca de US$500. O portátil é a evolução do Nintendo DS e reproduzirá games 3D sem precisar daqueles óculos especiais


PUBLICIDADE SOB MEDIDA


Alexandre Affonso
Imagine a cena: você está em um shopping e, quando observa um display digital na vitrine de uma loja, a imagem se ajusta automaticamente para mostrar as peças de roupas que melhor combinam com seu corpo. Quando entra na loja, recebe um alerta no celular mostrando quais produtos daquela marca foram mais comprados e recomendados por seus amigos. O que pode parecer uma situação de filme futurista já acontece no Japão e é uma das grandes tendências para 2011: a publicidade personalizada utilizando geolocalização e biometria, a tecnologia que identifica as pessoas analisando as características do corpo.

No Japão, a empresa NEC Corporation lançou no ano passado um protótipo de publicidade digital capaz de reproduzir propagandas personalizadas de acordo com cada consumidor após reconhecer sua idade aproximada e sexo. O sistema usa uma câmera para registrar o rosto da pessoa mais próxima ao anúncio. Por meio de um algoritmo de reconhecimetno facial, o consumidor é identificado e o display reproduz uma propaganda apropriada para o perfil demográfico da pessoa. “O mercado brasileiro ainda não iniciou um trabalho concreto nesse sentido, mas quanto mais high tech for o anúncio, mais o consumidor presta atenção e associa valor à marca. Portanto, essa onda só tende a crescer nos próximos meses no País”, explica Lívia Montemor, gerente de mídia da agência digital brasileira iThink.


“A popularização deste sistema é real e 2011 será um ano importante para isso. A grande questão é saber se esse tipo de publicidade funciona a longo prazo”, afirma Paco Underhill, pesquisador sobre hábitos de consumo e autor do livro Vamos às Compras! A Ciência do Consumo nos Mercados Globais. Segundo Underhill, a tecnologia só terá sucesso se for usada seletivamente.


Este ano terá outra grande onda no mundo da publicidade: a comunicação móvel baseada no círculo social e na localização dos consumidores. Com a popularização dos smartphones com capacidade de GPS e Bluetooth, não se surpreenda ao receber uma mensagem SMS com uma “promoção relâmpago” ou uma dica de compra ao entrar na loja. Em um sistema mais avançado, baseado nas suas redes sociais, você poderá ver o que já foi comprado por seus amigos e até saber se eles gostaram da compra.


Essa forma de publicidade é mais efetiva que um display que se modifica de acordo com quem está observando e deve ser usado maciçamente a partir dos próximos meses. “A empresa quer se comunicar com o consumidor por meio do celular porque ele está intimamente ligado ao aparelho. O anúncio não será algo que simplesmente cruza seu campo de visão em um ambiente com muita poluição visual”, afirma Herb Sorensen, especialista em comportamento de consumidores e autor do livro Inside The Mind Of The Shopper (Dentro da cabeça do consumidor, em tradução livre), sem edição no Brasil. Segundo o pesquisador, a maioria dos consumidores já está acostumada com a grande quantidade de propagandas dos centros de compras e automaticamente ignora a publicidade dentro das lojas.



“GASOLINA, ÁLCOOL... OU ENERGIA ELÉTRICA?”

Você não deve estranhar se chegar a um posto e o frentista oferecer um cabo de energia no lugar dos combustíveis tradicionais. Os carros elétricos e híbridos, uma realidade no exterior, devem invadir o Brasil neste ano.

O carro elétrico é a esperança da indústria automobilística para diminuir o consumo de petróleo e a emissão de poluentes. No Brasil, ainda não há carros estritamente elétricos sendo comercializados diretamente ao público, apenas carros híbridos. O carro híbrido difere do carro elétrico porque também é abastecido com gasolina, que pode ser usada para alimentar o motor em conjunto com as baterias elétricas ou apenas ativar um gerador que carrega as células energéticas. O carro elétrico, por sua vez, se locomove apenas com a energia gerada pelas baterias.

Existem atualmente apenas dois carros híbridos à venda para o público no Brasil — o sedã Ford Fusion Hybrid e o luxuoso Mercedes-Benz S400 Hybrid — e nenhum dos dois se enquadra no que podemos chamar de “popular”. O carro da Ford é vendido por R$ 134 mil, cerca de R$ 50 mil mais caro que a versão mais simples do Fusion. Já o Mercedes é mais segmentado, vendido por R$ 450 mil.

Híbridos mais baratos começam a chegar ao País ainda neste ano. O primeiro deles deve ser o Prius, da Toyota, híbrido mais vendido no mundo todo. A Mitsubishi, concorrente da Toyota, já anunciou que irá iniciar a produção brasileira do i-MiEv até 2013. A Honda também sinalizou que vai trazer o seu CR-Z híbrido, hatch de dois lugares, para o mercado brasileiro.

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1. MITSUBISHI IMIEV 2. NISSAN LEAF
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3. TOYOTA PRIUS 4. FORD FUSION HYBRID




PLAYSTATION PHONE


Alexandre Affonso
Tudo começou com uma foto de um protótipo publicada no blog Engadget, especializado em tecnologia. Mas os fãs de PlayStation podem se preparar, porque a Sony deve lançar neste ano o PlayStation Phone, telefone celular com controles de PSP.




BASTA ACENAR


Alexandre Affonso
Estamos no ano de 2054. Um policial gesticula em frente a uma tela e consegue controlar o computador apenas com os gestos. Ele aumenta e diminui telas, seleciona fotos e dá zoom em vídeos mexendo apenas alguns dedos. Corta! As cenas descritas acima fazem parte do filme Minority Report, dirigido por Steven Spielberg e lançado em 2002. O reconhecimento de movimento corporal, tecnologia que parecia tão distante de nossa vida, passará a fazer parte da realidade já em 2011, e não só nos videogames.

O que vai popularizar essa tecnologia nas casas das pessoas é o Kinect, acessório da Microsoft para Xbox 360 que elimina o uso de controle. Um mês após seu lançamento, em novembro do ano passado, a Microsoft já havia vendido 2,5 milhões de sensores e os hackers não levaram muito tempo para desmontar o aparelho e ver quais outros usos o gadget poderia proporcionar.

Ainda em estágios iniciais de desenvolvimento, várias modificações do Kinect já foram feitas para o aparelho funcionar fora do videogame. Os experimentos vão desde a possibilidade de trocar os slides de uma apresentação de Power Point com um aceno até controlar os movimentos do Mario no game Super Mario Bros., da Nintendo.

Com tantas possibilidades, o passo natural para a Microsoft é implementar em todos os seus produtos a capacidade de operar com as câmeras de reconhecimento facial e o sistema de captação de voz do Kinect.

Na televisão, a adaptação é mais fácil, uma vez que o sensor de movimentos já estará acoplado ao aparelho para o uso com o Xbox. Você não vai mais precisar ficar procurando o controle remoto e poderá aumentar o volume ou trocar de canal apenas com um movimento da mão. Mas a tecnologia inovadora abre as portas para muitas outras possibilidades de interação, com o sistema de reconhecimento corporal colocando o espectador no papel ativo da programação.

O Windows, sistema operacional da Microsoft, também deve apresentar em breve a possibilidade de ser controlado pelo Kinect ou algum sensor parecido. A tecnologia eliminará o mouse para as tarefas mais corriqueiras sem precisar recorrer às telas sensíveis ao toque, que são mais caras e amplamente dominadas pela Apple até o momento. Além disso, os sensores no lugar do mouse podem ajudar na inclusão digital de idosos e pessoas com dificuldade motora.




CELLSCOPE


Alexandre Affonso
Projetado na Universidade de Berkeley, o Cellscope transforma o celular em um microscópio com capacidade para enviar as imagens para um laboratório em qualquer lugar do mundo. Segundo seus inventores, o gadget pode ser muito útil nas áreas rurais e começará a ser testado no campo ainda neste ano.




ACER ICONIA


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A tela sensível ao toque já faz parte do cotidiano, mas o Iconia, mistura de tablet com notebook da Acer, será a grande novidade na categoria em 2011. Sem teclado, o gadget tem duas telas touchscreen que podem ser transformadas em um tablet dobrável ou, com o teclado virtual, o aparelho vira um notebook com tela de 14 polegadas.


O ANO DA SUPERBACTÉRIA


Alexandre Affonso
No campo da medicina, 2011 ficará marcado pelo debate sobre superbactérias, as bactérias resistentes aos antibióticos, cada vez mais mortais e temidas por governos e órgãos internacionais de saúde.

A superbactéria é um organismo que se fortaleceu devido ao uso excessivo de antibióticos. Por meio de adaptação e evolução natural, elas "aprenderam" a se defender dos remédios, deixando o tratamento mais complexo e as doenças mais mortais.


Preocupada com a proliferação das superbactérias, a Organização Mundial da Saúde (OMS) promove, em abril deste ano, uma campanha para conscientização sobre o problema. O grande temor do órgão é que, com o fortalecimento de doenças que antes eram consideradas facilmente curáveis, importantes avanços na medicina sejam revertidos com a volta de algumas epidemias, como a tuberculose. “Na década de 80, nós acreditávamos que a tuberculose já estava controlada. Agora, vemos um crescimento enorme da tuberculose multirresistente a medicamentos (MRD-TB)”, explica Maryn McKenna, autora do livro Superbug, que faz uma análise sobre o desenvolvimento das superbactérias, sem edição no Brasil.


Apesar de afirmar que uma superbactéria poderá causar uma epidemia mais assustadora que a Aids, Maryn lamenta que o problema seja pouco conhecido pela população “porque a doença ataca de maneira silenciosa”, como se fosse uma doença comum, mas muito mais difícil de ser combatida.



SOCIAL TV


Alexandre Affonso
Neste ano, esqueça aquele seu momento de solidão assistindo a um bom filme ou episódio do seu seriado preferido. Com a popularização de aparelhos que conectam os televisores à internet, como o Google TV, e a conexão banda larga mais rápida e barata, o jeito de assistir televisão vai mudar pra sempre. Primeiramente porque o verbo "assistir" não fará mais sentido, sendo rapidamente substituído pelo "interagir".

A interação entre as pessoas enquanto estão em frente à televisão já acontece atualmente, basta acompanhar o Twitter em dia de jogo de futebol, mas o grande salto de interação vai acontecer quando as pessoas puderem comentar a programação com os amigos diretamente na televisão.

“O conceito de 'social TV' vai mudar para melhor o jeito que consumimos conteúdo. A interação com outros usuários vai deixar a experiência mais atraente para o público”, afirma a pesquisadora Marie-Jose Montpetit, Ph.D. em Engenharia Elétrica e Ciências da Computação e pesquisadora do Media Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Aqueles que apostavam no fim da indústria televisiva não previam que a internet poderia trazer uma nova forma de consumir conteúdo. Agora é possível ver e interagir com programas no celular, na TV, no computador e até nos tablets em tempo real. “Foi criado um ecossistema que só deve aumentar. As empresas que tirarem proveito disso produzindo bom conteúdo vão prosperar, ao contrário do que se dizia anos atrás”, diz Marie-Jose.

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